quarta-feira, 16 de junho de 2010

A volta dos que não foram


A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM – por Vicente Bezerra

“A volta dos que não foram” é um clássico do cinema, que só fez sucesso no imaginário infantil de um tempo atrás, junto com “Poeira em alto-mar”, que Renato Aragão tornou um especial seu. Mas aqui, “A volta dos que não foram” quer dizer isso mesmo: aqueles que pareciam sumidos, que partiram, mas que voltaram atrás, sem terem ido, na verdade.

Felipe Scolari é um deles. Felipão foi campeão do mundo com a Seleção. Atraiu para si os holofotes, virou celebridade internacional. Deixou o Brasil, foi treinar a seleção dos nossos colonizadores. Em Portugal, Scolari era estrela. Fez sucesso e levou a mediana e sempre limitada seleção lusa a lugares nunca antes experimentados pela mesma. Cumpriu sua missão, mas podia ter ido mais longe. Podia mais. Competência nunca lhe faltou. Com o sucesso em Portugal, foi para o Chelsea da Inglaterra, e lá experimentou o mesmo gosto amargo que antes Luxemburgo havia provado. O estilo brasileiro de treinar não combina com o estrelismo dos craques europeus: eles não admitem alguém com brilho maior. Pior: não se subordinam e começam as conhecidas “panelas” para derrubar treinador. Como conseguiram, Felipão foi parar no Uzbesquistão, um lugar que deve ficar entre o purgatório e o inferno. O próprio limbo. Felipão caiu e não soube se levantar. Está de malas prontas para o Palmeiras. Um retrocesso numa carreira internacional promissora.

Outro exemplo de volta mal sucedida é o Campeonato do Nordeste. Outrora salvação financeira dos clubes, que enchia estádios e movimentava a rivalidade local, voltou esse ano como salvação da lavoura para os combalidos times nordestinos. Acontece que os “grandes” clubes do nordeste resolveram dar um tiro no pé: as principais equipes estão disputando o “Nordestão” com times mistos, times “B” e até mesmo juniores. Resultado: nível técnico fraco e afastamento da torcida. Fora a época de disputa totalmente fora de propósito, com a Copa do Mundo em andamento. Hoje por exemplo, tem BA-VI. Pela primeira vez com casa vazia. O canal que está transmitindo, o Esporte Interativo, tem feito esforço pra não perder audiência com jogos tão fracos. Devem ter se arrependido de terem comprado o Campeonato.

Outro que ia, mas não foi, é o Ciro Gomes. O cearense, que na sua vida política é muito comparado a Fernando Collor, junto com as declarações atrapalhadas que dá, no que se refere à sua vida pessoal e amorosa (é casado com a atriz global Patrícia Pillar), também vem colecionando trapalhadas na vida pública. Embora não se noticiem escândalos seus, mas suas idas e vindas em suas tentativas de candidatura estão se tornando risíveis. Ele também tem ajudado. Mostra-se irritadiço facilmente com essas situações, mostrando destempero para quem quer ocupar o cargo maior do país. Sua ausência na convenção de seu partido, que aderiu à Dilma, é mais uma patética amostra de suas idas e vindas políticas. Resta saber se vai sobrar um governo ou ministério dessa vez.

Dedé Santana, após a morte dos colegas trapalhões e fim do grupo, foi ser cantor evangélico. Não deu certo. Depois passou a freqüentar programas vespertinos de fofoca, a falar mal do colega “Didi”, em busca de atenção ou de estar na mídia. Não deu certo. Foi tentar a sorte com um programa, que tinha a intenção de ser humorístico, no canal de Sílvio Santos, concorrendo no mesmo horário do ex-colega. Também não deu certo. Hoje, voltou a ser companheiro do antes “espinafrado” Renato Aragão, depois de tanto cuspir no prato que tanto comeu.

Dizia Getúlio Vargas que não era oportunista, mas se o cavalo passasse por ele selado, ele montava. Os citados perderam o bonde da história. Nesses casos, ou o cavalo seguiu a viagem sozinho ou os derrubaram no caminho.

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