quarta-feira, 16 de março de 2011

Pitæccvs Carnavalis

PITÆCCVS CARNAVALIS – por Vicente Bezerra

O Império Romano durou séculos. O império de Momo também. O problema é que Momo reina através dos séculos, apenas quatro dias por ano (exceto em Salvador). Não há como se governar bem em tão pouco tempo. Por isso, o reinado momesco é caracterizado pela desordem, balbúrdia, confusão, manifestações diversas. Um verdadeiro carnaval. Vamos analisar então alguns acontecimentos neste seu último período de administração...

Salvador – é onde o reinado de Momo se prolonga além dos quatro dias, o que aumenta a bagunça. Esse ano foi notório o esvaziamento do Circuito do Campo Grande, antigo oficial. As “grandes” bandas baianas estão preferindo desfilar no Circuito Barra-Ondina (antigo alternativo), onde estão os grandes camarotes de artistas, celebridades e turistas, onde o dinheiro rola. No circuito antigo, das poucas bandas famosas que vão, desfilam apenas um dia, a exemplo do Chiclete com Banana. O que era para o povo está cada vez mais para quem pode pagar até mil reais num abadá.

Uma vereadora da cidade, Léo Krets deu a seguinte declaração: "Eu sempre saio em trio dançando e nunca pude reparar a situação dos cordeiros. Hoje, aqui do camarote de Ivete, eu estou reparando e estou muito triste. isso parece o navio negreiro! Os negros vão esticando essa corda para os bonitões brancos brincarem lá dentro". Dããããããã. Demorou hein, nêga?

Outro fato que chamou a atenção em Salvador foi a barba de Bell, vocalista do Chiclete com Banana. O cantor da bandana, que afirmava estar há 30 anos de barba, fez a gentileza de tirá-la à pedido da Gilette para uma peça publicitária. Essa gentileza chama-se R$ 2 milhões de reais. Perguntar não ofende: Bell, aonde está o Cacique Jonny? (entenda o assunto em http://www.carnasite.com.br/v4/noticias/noticia.asp?CodNot=986 e http://www.youtube.com/watch?v=SXM_qVzrkyY)


Recife – o galo da madrugada é o maior bloco de rua do mundo, segundo o Guiness Book. Segundo alguns, é coisa pra inglês ver. É um bloco pra engambelar turista e sair na mídia nacional. É impossível um bloco de carnaval possuir 1 milhão de seguidores. Não há unicidade musical no cortejo, gente espalhada, bagunça, dezenas de trios-elétricos com bandinhas de frevo, de modo que quem está no fim do bloco, não está ouvindo a mesma música de quem está no começo.

Olinda – a criatividade no Carnaval de Olinda é soberba. Não falo das fantasias, da alegria do povo, do calor, não. Falo das músicas. Como é possível alegar uma multidão durante quatro inteiros dias, com apenas 4 músicas? Sim, 4 músicas. No carnaval de Olinda só se houve os frevos “Vassourinhas”, “Olinda quero cantar”, “Voltei Recife” e “pó pó pó pó” (http://www.youtube.com/watch?v=794PxQERW2k). Agora, tem um benefício: quase não há brigas, e tapa, só se for de um boneco de Olinda.

Rio de Janeiro – muitos criticam o carnaval da Sapucaí, por ser monótono de assistir, uma vez que se fica mais de uma hora cantando a mesma música. Bom, o fato é que o destaque do Rio este ano foi a consagração da volta do carnaval de rua e seus blocos, sendo o mais famoso o “bola preta” e destacando esse ano o “Sargento Pimenta”, que tocava Beatles em ritmo de samba. Outro destaque merecido vai para o carnavalesco da União da Ilha, que teve criatividade, abusando dos tecidos, recriando milhares de fantasias, uma vez que o incêndio nos barracões destruiu quase tudo da escola. Ganhou o Estandarte de Ouro.

Um comentário:

  1. Carnaval já FOI festa de povão. Trios elétricos puxando pessoas a 0800 pelas ruas. Dessas cidades citadas então, só quem tem €, US$ e muito R$ sobrando! Me valho desse período para aproveitar os dias e ficar entre amigos e familiares queridos. Imagine se formos comentar sobre os bastidores de quem faz o carnaval.

    Wanderley

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