sexta-feira, 2 de julho de 2010

Cada time tem a torcida que merece



CADA TIME TEM A TORCIDA QUE MERECE – por Moacir Poconé

Eu realmente acreditava na Seleção Brasileira. Muito mais pelo seu retrospecto nas últimas competições do que pelo seu desempenho em campo. É verdade que havia jogos feios, sem brilho, mas o resultado invariavelmente era a vitória. Nada mais importava. Se havia cinco volantes no meio de campo e um atacante isolado na frente e ganhávamos por 1 a 0, pouco importava. O caminho era esse, presumia-se. O futebol mundial teria mudado e já não há espaço para o futebol arte, era o que alguns diziam. E as conquistas foram acontecendo dessa forma.

Porém, Copa do Mundo não é Copa das Confederações ou Copa América. Ganhamos essas competições, mas o torcedor nunca teve confiança no time de Dunga. No primeiro grande desafio, eis que fomos surpreendidos pelos holandeses, comandados por Robben. Toda a arrogância de nosso técnico, todas as estatísticas favoráveis, tudo, enfim, esvaía-se em parcos 45 minutos. Parecia algo irreal após o primeiro tempo vitorioso observar a comemoração dos holandeses ao fim do jogo. As imagens buscam torcedores brasileiros que parecem não acreditar no resultado da partida. Surgem rostos de espanto, de surpresa. Tristeza? Não.

Engraçado que senti muito mais as derrotas de 82 e 86. Não sei se pela pouca idade da época, mas quero acreditar que a tristeza vinha por saber que jogávamos bem, tínhamos um futebol bonito e não merecíamos perder. Principalmente em 82. Ainda hoje ao assistir as imagens daquele fatídico 3 a 2 a favor da Itália sinto um aperto no peito. Coisa que não senti hoje. Acho que a seleção está criando torcedores do mesmo modo com que joga: pragmáticos, lógicos, secos. Ao vermos as imagens da derrota não percebemos aquele sentimento da comoção nacional que já se viu em outros tempos. O torcedor brasileiro acompanha o ritmo de sua seleção. E o encanto já não se vê há algum tempo.

Caberá ao próximo treinador recuperar esse encanto pela seleção. Fazer com que o torcedor veja o futebol que sempre foi a marca registrada do time brasileiro. Não uma seleção conhecida pela forte defesa, mas sim uma equipe com jogadores de meio de campo talentosos e atacantes habilidosos. Certamente, a torcida brasileira (comigo, é claro) terá muito mais sentimento pela seleção, seja nas vitórias ou nas derrotas, amando ou odiando esse que é um dos maiores símbolos de nosso país.

3 comentários:

  1. o nosso professor moacir brilhante como sempre em suas palavras.Também acho que o sentimento é o mesmo. Cadê a alegria de jogar? Às vezes, o torcedor não precisa nem da vitória, precisa ter o gosto de dizer: perdemos por azar, por um lance, mas o time jogou bem, bola na trave, drible pelo meio das pernas, bola de um lado jogador do outro. Enfim, podemos falar do Brasil (seleção) desse jeito na Copa? Quem falar está iludido ou cego. Uma pena. Mas... a vida segue. Esperávamos que o ônibus visse mais lotado do que foi. Realmente virá. Só que dessa vezm lotado com amargura e frustração de 180 milhões de pessoas!!!

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  2. É pela primeira vez que comento neste portal de opiniões (muitos boas por sinal, dos colegas Moacir e Vicente),concordando em grande parte com o que foi dito por Moacir, só discordando quanto à esperança de recuperar aquele mesmo sentimento triste nas derrotas, como o era em outros anos. Creio que o intenso intercâmbio de jogadores entre os países acabou tirando um pouco do senso de disputa, de defesa de sua pátria, de identidade do estilo de jogar de cada país. Futebol hoje é muito mais negócio que sentimento. Eu até tentei ficar muito triste com a derrota, mas não deu, é difícil lutar contra a maré (globalização da bola). Perde-se hoje, e amanhã nem ligamos mais. Acrísio Júnior.

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  3. É seu Acrísio. Concordo com você. Mas a ideia é que se o time fosse mais talentoso e menos artificial, o sentimento da torcida seria diferente. Mesmo com atletas jogando fora, nós teríamos a sensação de que um time que jogava bem foi eliminado. E não foi isso que aconteceu.
    Abraços, Moacir.

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