sexta-feira, 16 de julho de 2010

Salvo pelo sino


SALVO PELO SINO - por Moacir Poconé

Depois de quase três meses, o vazamento que ocorre no Golfo do México parece ter cessado. A empresa britânica British Petroleoum (BP) conseguiu instalar um sino de contenção e o fluxo de óleo finalmente acabou.

Não sou das pessoas mais ecológicas. Ao contrário, creio que há muito de sensacionalismo por trás de notícias sobre o aquecimento global, por exemplo (prometo voltar ao tema em outra oportunidade). Mas, são inegáveis os danos causados por essa que já é considerada uma das maiores tragédias ambientais da história. Imaginem que já foram jogados ao mar cerca de 660 milhões de litros de óleo e mais de 340 milhões de metros cúbico de gás natural. São números tão impressionantes que sequer temos a noção de quanto isso significa. Só sabemos que não é pouco.

Sem dúvida, a fauna e a flora aquática que existiam naquela região demorarão décadas para se recompor. São tartarugas marinhas, aves, golfinhos e as mais diversas plantas que já tiveram (ou terão) o seu habitat natural devastado pelo óleo incontrolável. Óbvio que nós mesmos, seres humanos, também seremos vítimas de tal fatalidade. Já são onze pessoas mortas por problemas derivados do vazamento, sem contar que se calculam em bilhões os prejuízos econômicos, seja na indústria pesqueira , seja na indústria turística.

E assim o homem vai se destruindo. Como um suicida que se mata aos poucos. Fecha os olhos para as conseqüências e pensa somente nos resultados de lucro e progresso. Pouco importa que o ambiente em que viva esteja poluído ou degradado por sua própria ação. A tecnologia é criada para a exploração. Não se levantam sequer hipóteses de que algo errado possa acontecer. Como já dito, três meses se passaram e nada foi capaz de conter o desastre.

Porém, eis que surge uma solução. Não se trata de um tampão ou de uma rolha qualquer. O nome é muito mais sugestivo. Chamam a peça de sino. Um sino de contenção. Tomara que além de sua função básica, produza algum tipo de som, como convém a todo sino. Espera-se que suas "badaladas" ecoem pelo mar e cheguem à superfície para que os homens tenham mais consciência de seus atos.

Um comentário:

  1. Discordo do texto em alguns pontos. Quando se fala em progresso ou desenvolvimento, o homem nem sempre põe o lucro acima de tudo, fechando os olhos para conseqüências de grandes proporções. O homem aprendeu a manipular a natureza a seu favor, extraindo dela aquilo que lhe é necessário. É o caso do petróleo, o principal combustível do mundo contemporâneo. Os poços que se encontram no mar podem e devem ser explorados, já que existe demanda para tanto. A tecnologia não é sempre vilã. Ao contrário, pode possibilitar a exploração em lugares antes impossíveis de serem alcançados, com as bacias do pré-sal (com ou sem hífem?). O vazamento do Golfo do México está, para mim, mais para fatalidade do que para negligência. Existem órgãos governamentais que existem apenas para estudar as garantias ambientais oferecidas pelas empresas mineradoras, incluindo as petrolíferas. Alguns acidentes são imprevisíveis, por mais simulações que sejam realizadas em busca de falhas, vide os acidentes aéreos. Enfim, não quero bancar o advogado do diabo, mas não acredito que riscos de grandes, gigantescos desastres sejam ignorados por força do lucro a qualquer custo.
    Bruno Sales.

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