segunda-feira, 26 de julho de 2010

O dono do mundo



O DONO DO MUNDO - por Moacir Poconé

O presidente da CBF – Confederação Brasileira de Futebol – se considera o verdadeiro dono do mundo. Há mais de 20 anos no poder, não conhece adversários e dirige de forma ditatorial a entidade máxima do futebol brasileiro.

O último exemplo de sua arrogância se deu na última sexta-feira. Sem consultar o procurador do técnico Muricy Ramalho ou o clube em que este trabalha, o Fluminense, Ricardo Teixeira mais uma vez acreditou que a sua vontade prevaleceria sobre tudo e todos. Em uma reunião se deixou filmar ao lado de Muricy, mostrando quem seria o seu escolhido para o cargo de treinador de nossa Seleção. Foi alertado na ocasião de que havia um contrato em vigência. Mas o “dono do mundo” não se abateu. Chegou mesmo a afirmar que pagaria o pagamento da multa pela rescisão contratual do treinador. Muricy, entretanto, deixou uma condição específica: só assumiria a Seleção se o Fluminense o liberasse.

Jamais o senhor de nosso futebol pensaria que um técnico ousasse impor essa ou qualquer outra condição. Ainda mais um técnico do Fluminense, clube que apenas em 2009 teve mais de quatro técnicos. Mas Muricy foi taxativo: cumpre os contratos que assina. Aquilo deve ter causado estranheza a Ricardo Teixeira. Há uma frase célebre que diz que a honestidade é algo esdrúxulo ao desonesto. Provavelmente, essa deve ter sido a sensação: o surgimento de um componente até então desconhecido em suas práticas como presidente da CBF. Qual foi a sua reação ao saber da recusa inesperada? Divulgar uma nota em que afirma que o novo treinador escolhido não recusou o posto de comandante da nova seleção. Como se Muricy a tivesse recusado. Mas não foi isso que ocorreu.

Muricy não ficou no Fluminense em detrimento à Seleção Brasileira. Não foi um “burro”, como dirão alguns. Ou um “louco”, como dirão outros. Para ele a questão é mais simples. O mundo não se resume ao futebol. O clube em que trabalha não o liberou e ele costuma cumprir seus contratos. Apenas isso. O que causa estranheza é que todo esse compromisso ainda exista em nosso futebol, marcado de exemplos tão ruins para todos. Tomara que o “dono do mundo” perceba que o mundo real é bem maior que a sua CBF.

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