sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ainda bem que a Espanha ganhou a Copa


AINDA BEM QUE A ESPANHA GANHOU A COPA - por Moacir Poconé

“Estádio Sarriá, 1982. Copa da Espanha. O Brasil joga pelo empate contra a Itália para ir às semifinais. Mesmo assim, o time não joga na retranca. Busca a vitória. E perde o jogo por 3 a 2. Era a eliminação da seleção de jogava o futebol mais bonito daquela Copa. Seria um desastre para o próprio futebol.”

“Estádio Soccer City, 2010. Copa da África. Espanha e Holanda fazem a final. O time espanhol é mais talentoso, menos burocrático. Joga pra frente. Possui volantes que sabem jogar futebol. A Espanha vence o jogo. E mostra ao mundo que é possível jogar bonito e ser campeão."

É impressionante como a conquista da Copa do Mundo influencia o futebol. Em 1982, a seleção italiana jogava um futebol de resultados. Empatara os três primeiros jogos da 1ª. fase e somente se classificara como terceira do seu grupo (naquele tempo era assim). Na segunda fase, os italianos ganharam quando era necessário e chegaram à conquista de sua terceira copa. Por muitos e muitos anos, o futebol se viu prisioneiro desse esquema de resultados, em que a defesa é privilegiada. Marcação, força física e disciplina tática venceram a alegria, o talento e o improviso dos jogadores.

Atualmente, vemos uma verdadeira revolução nesse cenário após a vitória espanhola na última copa. Esquemas táticos como o 4-4-2 e o 3-5-2 foram substituídos pela forma de como se joga. Não importam números, e sim a filosofia que a equipe possui. O que é mais importante? Evitar gols? Ou seria melhor fazê-los? A conquista espanhola coroou a tese de que é preciso buscar a vitória e não esperar que ela lhe caia nos braços. Vários times e até mesmo seleções de outros países têm se inspirado na maneira de como joga a Espanha e isso tem proporcionado alegrias aos torcedores e aos amantes do bom futebol.

Um caso exemplar é o da seleção brasileira. Há anos (talvez décadas) que nossos treinadores têm apostado em táticas cautelosas, nas quais se vislumbra uma clara preocupação em não ter a defesa vazada. Mas na qual existe o outro lado da moeda: abdica-se do ataque. Na Copa de 2010 vimos um time em que o principal setor era a defesa. Nosso goleiro, o melhor do mundo. E o talento do jogador brasileiro? “Não se pode abrir muito o meio-de-campo”, dizia o técnico. E se enchia o meio-de-campo de brutamontes, que mal sabiam dar um passe para o lado. Ao se tomar um gol (pois não há defesa invencível) como reagir? Como quebrar o paradigma de que o melhor ataque é a defesa e pensar em marcar gols?

Felizmente, a Espanha se sagrou campeã. E a nova seleção de Mano Menezes já segue essa influência. Há muito tempo não se via uma seleção brasileira tão talentosa, com tanta vontade de chegar ao ataque e de marcar gols. A imprensa nacional e internacional comemoraram a volta de nosso futebol. É certo que foi apenas uma partida do novo time, mas já se percebe a mudança. Na verdade, é a volta do futebol alegre, vistoso que sempre foi a marca registrada de nossa seleção. Bem diferente da seleção italiana de 1982 e muito próxima do time espanhol de 2010.

Um comentário:

  1. É isso aí, Pensador! Por isso que Copa do Mundo é tão relevante: ela é o marco histórico para as inovações ou retrocessos no futebol. Acrísio Jr.

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