segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Segunda sem lei - Decadência musical


DECADÊNCIA MUSICAL – Por Elísio Cristovão*


Parece ser um assunto que volta e meia alguém vai e escreve sobre. Pois é, eu ainda não escrevi sobre. Mas a música nacional de qualquer gênero (forró, axé, samba, pagode, pop, rock, MPB, etc) está em declínio há muito tempo. Não falo do sucesso das bandas, que esse só aumenta. Mas sim por causa das letras das músicas que estão fazendo sucesso, músicas com letras vulgares, letras que fazem apelo sexual, e o pior é que as músicas estão sempre na boca do povo. Meu Deus, aonde iremos chegar?

A cada dia que passa só piora. Onde estão letras que dizem coisa com coisa? Tomemos o forró como exemplo. Veja o caso dessa letra: “Eu achei um cobertor que me deu tanto amor e que nunca deixa o frio toma conta de mim...” é uma letra um tanto piegas, porém tem um tom de romantismo, tem certa inteligência e não é vulgar. Agora vejamos a seguinte letra de forró: “Mamãe tá dodói, papai dá beijo que passa” ou então: “ela está de saia e de bicicletinha uma mão vai no guidão a outra tapando a calcinha” ou ainda “chupa, chupa, chupa que é de uva”. Onde está o bom senso desses compositores? Onde está a razão nessas letras? Onde está o forró de Baby Som, Forró Maior, Limão Com Mel? Letras como: “Na ausência eu sinto saudades, na presença eu não sinto verdade, será amor? Ou é paixão?” Que bela letra não? Sem vulgarismo e sem apelo sexual. Essas músicas faziam sucesso sem apelar.

Vejamos o caso do pagode/axé, letra: “Rodrigão já pegou, alguém pegou também, Dadinho comeu de quatro, alguém fez frango assado, alguém sem camisinha, pegou uma coceirinha (parte educativa da musica)” ou ainda “me dá, me dá à patinha, me dá, me dá sua cachorrinha”. O que é isso? E o povo decora e canta, acha bonito o filho de quatro anos que dança e canta essa letra. Quais valores esse menino terá? Quais valores a música está nos passando? Lembro-me da época em que o axé era uma aula de história e geografia “Madagascar, ilha, ilha do amor Madagascar”, “Tutancamom se encontrou com Bob Marley, no deserto de Madagascar” ou ainda “ô berimbau, pedaço de arame, pedaço de pau”. Bandas como o Olodum, Timbalada (fase antiga), até o chato do Carlinhos Brown eram bandas com boas letras, não precisavam apelar ao sexo para cair na boca das pessoas.

No caso do rock, que não é culturalmente brasileiro, huve um declínio de rebeldia. O rock sempre terá suas letras com cunho político, letras de amor, etc. Entretanto o que os rockeiros esperam é um pouco de vontade, de “peso”, mas o que ocorre atualmente? Bandas como o Titãs, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Camisa de Vênus, dentre outras da década de 80 e 90 que já não lançam álbuns bons, algumas delas nem existem mais, outras estão sumidas. Mas onde está o legado dessas bandas? Onde está à geração Coca-Cola? O que se vê são bandas de “crianças” que colocam cabelos para frente, usam boné de marca e tocam “rock”, segundo eles. Bandas como NX-Zero, Restart, Fresno, etc. Que referência de rock um adolescente que conhece o estilo por essas bandas pode ter. O que será deste indivíduo que não ouviu as bandas citadas anteriormente (Titãs, Kid Abelha, etc). Tenho saudades do tempo em que “restart” era só um botão de videogame.

Mas a pergunta principal não foi feita. O que levou a esse declínio? Por que essas bandas ainda tocam músicas assim? Muitos dizem que antigamente a música era elitizada, os preços dos CDs eram elevados, a classe mais baixa não tinha acesso a esse material. Com a pirataria tudo ficou mais fácil, a música se espalha rapidamente e as classes baixas agora compram cds. O público mudou, a música mudou, será que isso banalizou o mercado musical? Ou será que os valores passados aos adolescentes em sua educação mudaram? Ou sempre esteve ali, porém não eram liberados? A banalização de valores como o amor e o respeito está tamanha que de tal forma modificou a composição da música?

Até onde a música pode influenciar a sociedade? Ou é a sociedade que influencia a música? O que você anda ouvindo? O que você realmente gostaria de ouvir? É isso que você quer que seu filho escute? Onde a música irá parar? Tenho medo do que ainda está por vir.

*Elisio Cristovão - bacharel em Eng. Ambiental. Cursando atualmente Mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais. Guitarrista da 1ª banda de Heavy Metal de Lagarto a "STTONEHENGE".

Os textos da "Segunda sem lei" são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos criadores deste blog.

4 comentários:

  1. Gostei muito do texto. A musica anda muito banalizada mesmo. Até as bandas que cantavama lgo descente se renderam. Muito bom o texto.

    Pedro Alberto.

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  2. Eu não sei se é pior as letras que essas bandecas "criam" ou as versões de classicos internacionais que "traduzem". Além deles, alguns infelizes, se metem a urrar músicas dos anos 80, é ridículo também. Nada se cria, tudo se copia mesmo. Grande Chacrinha parafraseando Lavoisier.

    Wanderley

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  3. hehehe. Nem cheguei a falar sobre isso também Wanderley. Nesse caso que você citou eu diria que "nada se cria, tudo se destrói (no caso das músicas)". Obrigado por ler o tópico.
    E Obrigado também ao Moacir e o Vicente por dar o espaço.

    Elisio Cistovão

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  4. Eu acho que aprender musica estar mais fácil do que antigamente os músicos não são criativos como era antes a tecnologia tira a vontade de criar hoje em dia tudo e copiado, harmonicamente as musicas são parecidas sempre tem algo que lembre outra canção,não tem mais faça você mesmo

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