quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo?


O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO? - por Vicente Bezerra

A resposta que se impõe para a pergunta, infelizmente, é não. A cidade maravilhosa das lindas praias, dos carnavais ricamente fantasiados, das mulheres exuberantes, dos seus artistas, músicos, das belas paisagens, há muito não é mais a mesma. Tudo isto ainda existe na sua essência, mas com brilho muito menor.

Hoje o Rio de Janeiro, como conhecemos outrora (ou como vendiam sua imagem para o mundo), é uma ilha, cercada por favelas, marginalidade e violência. Não entraremos aqui na discussão social, no debate sobre a exclusão, não. A intenção aqui é outra.

A marginalidade e a violência hoje fazem parte do Rio de Janeiro. Estão entre as maravilhas citadas acima, e como elas, fazem parte do Rio. Estão tão incrustadas na sua essência, que fazem parte da cidade. Não há mais como dissociar o Rio, da violência. Tanto isso é verdade que o cinema nacional demonstra isso em inúmeros filmes, tendo o Rio violento como pano de fundo e, por vezes, como protagonista. Cidade de Deus, Tropa de Elite, 400 contra 1, só pra citar alguns. Já há filmes inclusive, romantizando e glamourizando essa violência: os bandidos são os mocinhos! Até o cinema estrangeiro quando vem filmar no Rio, mostra o seu lado podre. Vide Hulk 2 e mais recentemente o filme de Stallone.

Um contrasenso que se apresenta é a alta sociedade carioca querer vender uma imagem que já não é sua: a da elite preocupada com a violência. Não adiante vestir branco, fazer passeata e colocar cruzes na praia, se os próprios alimentam o crime comprando drogas. Registre-se que não se está generalizando.

A mesma elite carioca, ainda tenta vender a imagem da “cidade maravilhosa” como se o caos não fizesse parte do seu cotidiano. Luta-se por Olimpíadas, Copa do Mundo, realização do Panamericano, sem se preocupar (ou sem querer enxergar) de que o Rio, hoje, é uma selva. Criam ilhas de isolamento, para receber turistas e mantê-los afastados da violência. Não há mais como fazer isso, há muito tempo, e o caso recente do hotel invadido é exemplo disso. Que segurança se dará a milhares de atletas? E enquanto isso, como fica a população? O Rio não precisa de Olimpíadas, precisa ser limpado.

Não é segredo, nem novidade, que o próprio carioca se incomoda com isso. Nem é segredo, nem novidade o que precisa ser feito para minorar e melhorar essa situação. A vontade do povo, seja da elite ou não, não é suficiente: há de se ter vontade política. Se nada for feito, continuará como está ou pior. A violência fará parte do cardápio cultural do Rio de Janeiro. Os Simpsons estarão certos?

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