quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bruna sabidinha


BRUNA SABIDINHA – por Vicente Bezerra

Bruna Surfistinha é o retrato fiel do que é uma celebridade no nosso país. Em outros tempos, celebridades eram atores, artistas, jogadores de futebol, entre outros. Hoje, celebridades são participantes de BBB, da Fazenda ou prostitutas. Ou tudo ao mesmo tempo.

Antes que se fale que a vida de Bruna é exemplo e merece ser contada, digo que não é exemplo, nem merece. A história dela não viria à tona não fosse a sua esperteza (que difere de inteligência) – que falarei mais tarde - e à sede consumista da sociedade quando o assunto é sexo. Sexo foi o que despertou o interesse na Bruna Surfistinha e em sua história. E também é o interesse em sexo (e no meu caso em Débora Secco – ah, vai, em sexo também) que tem enchido os cinemas do país, na versão cinematográfica do livro “O Doce Veneno do Escorpião”.

Tem que se reconhecer que sua vida tem um quê de pitoresco, diferente, mas não de exemplar. Boa parte das prostitutas (não todas) o são por necessidade. Bruna o foi por opção. Antes de ser Bruna, ela era Raquel, uma menina adotada por uma família de classe média alta, estudava em escola tradicional, tinha uma boa vida, dentro dos “requisitos” da maioria da sociedade. Não na ótica dela. Raquel era meio “nerd”, desleixada no modo de se arrumar, perseguida pelo irmão, negligenciada pelo pai, porém adorada pela mãe. Depois de muito viver essa situação e passar por bullying na escola, tendo sido bolinada (não perderei o trocadilho) pelo galã da escola, Raquel radicaliza e resolve sair de casa e ser prostituta. Não sem antes roubar um colar valioso da mãe. Algum motivo nobre? Não vejo. No filme, esse período em que Bruna ainda era Raquel, é o único senão na performance de Débora Secco. Não por culpa dela, mas não caiu bem uma mulher na casa dos trinta anos viver uma de quinze. Débora é um mulherão feito, não combina mais com adolescência.

Em relação ao filme, não o vi nos cinemas. O grande avanço tecnológico o trouxe até mim. Não, não foi download. Foi pirataria mesmo. E a pirataria anda tão ousada, que o DVD que chegou às minhas mãos tinha o subtítulo de “versão entendida”. Logo compreendi. Ao assistir me deparei com uma espécie de “copião” que deve ter vazado da produção do filme, quando ainda tinha o título do livro, e não o que está nos cinemas. É uma cópia sem conter créditos, precisando de alguns ajustes sonoros e de edição, além de aparecer na tela entremeando algumas cenas, idéias da direção do filme. Mas nada que prejudique o andamento da trama. Curioso.

O grande diferencial de Bruna como prostituta, justamente é sua origem. Como menina de classe média, de boa escolaridade, de cabelo bom e pele macia, não era o protótipo da prostituta comum. Isso antes do “boom” da prostituição “universitária”. Seria apenas mais uma, não fosse a primeira a contar essa história, uma história que encontra outras iguais, facilmente, no dias de hoje.

O toque de Midas de Bruna, ou a “grande sacada” foi sua esperteza, conforme ela mesma diz no livro e agora no filme. Surfistinha soube transformar seu dia a dia de meretriz (que antigo!) em um evento multimídia. Colocou suas vivências picantes na web, onde o que mais se procura é sexo. Investiu em atrair vips, pelos quais o dinheiro circula. Passou a atribuir notas aos clientes, que se altas os lisonjeavam, e se baixas os fariam voltar para melhorar o desempenho. Quando o filão se esgota, ela tira uma carta da manga. Fez livro, apareceu na TV. Agora, nas telonas da sétima arte. Será que o escorpião ainda terá veneno para uma nova picada? Não, não foi trocadilho.

3 comentários:

  1. Genial!
    parabens cara!
    eu e meio mundo de gente espera por mais veneno desse escorpiao.
    kkkkkk

    Pedro Luis Fernandes

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  2. ...(Algo a confessar) Lute para não se apaixonar por Bruna Surfistnha quando estiver lendo O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO. Mas, vá dizer essa teoria a um carinha de 15 anos. Na êpoca em que li a vida de uma simples garota de programa da grande cidade, achei que ela não era um astro, por que pra mim ela era um ser superior a isso. Já hoje concordo em gênero, número e grau com o que foi escrito em tudo que é canto (pelas más línguas) apesar de concordar com o que taísa (Prof. português) fala sobre Raquel e seu contexto. E entre linhas, só para melhorar a situação - RAQUEL PACHECO ESTARÁ NA PRÓXIMA EDIÇÃO DA FAZENDA (KKK...), falo sério!

    Gilmagno Amado Santos

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  3. Muito bom comentário Gilmagno (e bom aviso também para os fãs de Bruna que com certeza não perderão A Fazenda). Participe sempre!
    Moacir Poconé

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