sexta-feira, 8 de abril de 2011

Uma menina chamada Jade

UMA MENINA CHAMADA JADE – por Moacir Poconé

Jade Ramos é estudante na Escola Municipal Tasso da Silveira. Ela é uma das sobreviventes do ataque que chocou o país, no qual um louco armado com dois revólveres matou pelo menos doze crianças e deixou mais uma dezena ferida. Algo jamais visto em nosso país, mesmo com toda a violência que é noticiada todos os dias.

Vídeos surgiram na internet e na televisão mostrando os momentos seguidos ao ataque. Gritos, pessoas correndo, alunos ensaguentados. Uma verdadeira visão do inferno. Mas certamente o vídeo mais emocionante de todo esse infeliz episódio foi o da menina Jade. Pude assistir ao vídeo ao vivo, no programa Estúdio I, da Globo News. É possível assistir na íntegra no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=v46xQPTv2x8. Poucas vezes me emocionei tanto com um depoimento dado após uma tragédia. Vi uma menina ainda chocada com os acontecimentos, mas de uma articulação verbal e de uma clareza de ideias que impressionam. A forma de descrever, instante a instante, os passos do psicopata ilustra a situação melhor que qualquer imagem. Além disso, o fato de ter participado do evento e de ter sofrido, temido por sua própria vida, conferem a sua fala uma carga emocional fortíssima. Prova disso foi a reação da própria repórter e das pessoas no estúdio que mal conseguiam falar após ouvirem a menina.

Lamentavelmente, outras doze crianças, como bem lembra Jade no vídeo, não estão mais entre nós para também contarem suas histórias de medo e terror. Em sua maioria, como a própria Jade, meninas. Tiveram suas vidas tiradas de forma brutal e estúpida por uma pessoa totalmente desequilibrada. Agora se procuram explicações para o ato cometido. Por mais que se busquem respostas, não consigo vislumbrar alguma que explique o que me parece ser inexplicável. As palavras de Jade tiveram essa força: a de mostrar como aconteceu algo que nossa mente parece não querer acreditar. De trazer a imagem concreta para uma história que de tão terrível ainda estava nebulosa. São palavras de uma menina, de apenas 12 anos, que ajudaram a compreender a desgraça e que ao mesmo tempo emocionaram o Brasil num dia tão triste.

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