sexta-feira, 1 de abril de 2011

O melhor filme de... Elizabeth Taylor


O MELHOR FILME DE... ELIZABETH TAYLOR - por Moacir Poconé

Elizabeth Taylor foi uma das maiores atrizes do cinema em todos os tempos. Faleceu essa semana, aos 79 anos. Para os cinéfilos, ficarão as lembranças de grandes filmes, clássicos da sétima arte, em que sempre encontraremos uma atriz lindíssima e de grande talento. Ganhadora de dois prêmios Oscar ainda na década de 60, ficará eternizada por filmes como Assim caminha a humanidade, Gata em teto de zinco quente, Disque Butterfield 8, e A megera domada. De personalidade forte, sua vida pessoal mantinha as colunas sociais dos jornais em intenso movimento, afinal foi casada oficialmente por oito vezes (duas deles com o mesmo homem, o ator Richard Burton).

........................................................................................

Martha (para o jovem Nick) – É um velho atolado lá dentro (do departamento de História). É o que George é: um lodo, um brejo, um maldito pântano!

Martha (para George) – Um pântano! Ei, pântano! Ei, pantanozinho!

George – Sim, Martha? Quer alguma coisa?

Martha (com desdém) – Claro. Pode acender meu cigarro, por gentileza?

George- Não. Há limites. O homem só tolera certas coisas antes de voltar a ser selvagem. O que faz bem o seu gênero. Seguro sua mão no escuro, pois você tem medo do bicho-papão e escondo suas garrafas de gim, mas não acendo seu cigarro. E, como dizem, é isso aí.

Martha – Jesus!
              (cena do filme Quem tem medo de Virginia Woolf?)


Um filme carregado pelos intensos diálogos de um casal que, embriagado, passa a noite numa interminável discussão. Não estão sozinhos, pois um jovem casal, Nick e Honey, pede abrigo em sua residência. Mesmo com a visita, o casal continua a forte discussão. Numa mistura de cinismo e ignorância, o erotismo paira no ar, parecendo inebriar a todos. A mulher, Martha, exagera nas frases e humilha o marido, George. Além disso, se insinua de forma sensual ao jovem convidado que, aparentemente, gosta do que vê. O ciúme se apodera de Honey e George. Este, inconformado, sugere a realização de um jogo de perguntas para que se conheçam melhor. Tal situação faz com que todos confessem detalhes íntimos, de modo que não se saiba quando dizem a verdade ou quando mentem. Um filme que traz na análise do relacionamento e seus desdobramentos sua maior força.


O título em inglês “Who’s afraid of Virgínia Woolf” é cantado de forma insana por muitos momentos no filme, numa forma que parodia a canção do desenho animado “Os três porquinhos”, aquela do “Quem tem medo do lobo mau?”, em inglês “Who's Afraid of the Big Bad Wolf?”. A lucidez aos poucos vai dando espaço para a loucura, sempre trazida pela falta de consciência adquirida pelo uso do álcool.


Elizabeth Taylor se supera na interpretação da esposa infeliz Martha. Sua parceria com Richard Burton parecia tão real que muitos dizem que eles não estavam interpretando, apenas filmando o que costumavam fazer entre as quatro paredes. Bebedeiras, discussões, acusações e provocações, tudo está presente nessa obra profunda e psicológica, assim como também esteve presente nos dois casamentos que ambos protagonizaram para o deleite dos colunistas sociais. Assim é Quem tem medo de Virginia Woolf: um filme que retrata a realidade de forma intensa, objetiva e desnuda os atores perante a tela. Para mim, o melhor filme de Elizabeth Taylor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário