sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1º de janeiro de 2015


1º DE JANEIRO DE 2015 - por Moacir Poconé

A multidão espera ansiosa. Dentro do quarto, os últimos preparativos. Uma última olhada no espelho. Está quatro anos mais velho, mas pouco mudou fisicamente. Apenas mais fios brancos na barba e nos cabelos. “Vai começar tudo outra vez”, sorri, pensando de como sentiu falta dessa emoção nos últimos anos. Sua vida ficara mais tranqüila. Pôde aproveitar mais o tempo com a família, embora fosse solicitado a todo momento para falar em eventos internacionais sobre a fome e de como mudou a condição da pobreza no Brasil. Sentia orgulho em falar disso e de como saiu da miséria para o cargo mais importante de seu país.

Está mais experiente. Sabe que o trabalho feito pela sua sucessora tem de ser apenas continuado. Também assim foi com ela própria. Manteve as ações sociais, elevou o salário mínimo a um patamar jamais imaginado e a inflação se manteve controlada. “Ainda bem que coloquei uma companheira fiel no meu cargo”, lembra, tranqüilo por ela jamais ter se pensado em se reeleger. Talvez até conseguisse. O povo consumia ainda mais agora e problemas relacionados à saúde e à segurança estavam num nível melhor do que ele mesmo deixara. As ações sociais se consolidaram e os índices brasileiros eram comparáveis aos de países europeus. Ouviam-se críticas apenas em reação à política externa, o calcanhar-de-aquiles desde os tempos de seu governo. “Como é difícil satisfazer a gregos e troianos”, lamenta ao lembrar de Chávez e de Hillary, presidente dos EUA. Porém, o que mais importava era a força com que o seu nome ainda era lembrado pelos brasileiros. Foi emocionante ouvir a multidão no Maracanã quando ocorreu a conquista do hexacampeonato, cantando o seu nome numa só voz e pedindo sua volta.

A campanha foi uma barbada. Começou já com cerca de 80% das intenções de voto nas pesquisas, o mesmo índice que deixara ao sair do Planalto. Um índice tão alto que Aécio desistira de se candidatar. Sobrara mais uma vez para Alckmin tentar impedir o seu retorno. Tudo em vão. “Nunca na história desse país se viu uma vitória tão esmagadora”, iria dizer no seu discurso de posse. Não, melhor não. Poderiam interpretar como uma ofensa. Mas certamente agradeceria à companheira Dilma por ter tomado conta do seu país na sua ausência. E lembraria de como foi importante para o Brasil ter tido a experiência de uma mulher no comando. “Até os Estados Unidos copiou”, ri, cometendo mais um dos seus famosos erros de concordância verbal.

Agora se sentia em casa. Era muito bom voltar ao poder pelos braços do povo, sem ter que dar um golpe ou aumentar o tempo de seu mandato e entrar na história como um ditador. Deveria seguir a Constituição, mostrar seu respeito às instituições. Não que não tivesse vontade. “Bem que a reeleição podia ser quantas vezes o cara quisesse”, pensa, com uma vontadezinha de mandar para o Congresso (no qual tem maioria absoluta) uma proposta nesse sentido. “Mas só vou precisar disso daqui a oito anos. Ainda tenho muito tempo, companheiro”. Uma última olhada no espelho. Os gritos da multidão do lado de fora aumentam.

- Presidente, chegou a hora – diz um dos seguranças.

- Já não era sem tempo – fala baixo o presidente.

7 comentários:

  1. Ficou óbvio dizer que está bom. Está ótimo. Mto bom texto. Será que vai ser assim mesmo?
    Vicente

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  2. Parabéns mesmo Moacir. Só faltou incluir em suas previsões que, militantes do grande PT lagartense (nossa geração) estavam entre as milhares de pessoas que o esperavam. É de arrepiar esse texto!

    Wanderley

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  3. Já vi que aqui nãe existe imparcialidade. Bota uma bandeira do PT ai na pagina do blog.

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  4. Obrigado Wanderley pelo comentário. Certamente estaremos lá nesse grande dia.

    Moacir Poconé

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  5. Em nenhum momento foi dito que o blog era imparcial. Aliás, isso seria muito difícil já que é um blog de opiniões. Quanto à bandeira do PT, estamos estudando a possibilidade...

    Moacir Poconé

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  6. Ô Anônimo! Primeiramente obrigado por participar, ler, e, discordar. O objetivo desse blog é esse. Mas, nunca foi nosso objetivo ser imparcial, já que é um blog de opnião e não um órgão do judiciário. Porém, o espaço está aberto a críticas e sugestões, e a sua sugestão de colocar a bandeira do PT está sendo estudada. Em tempo: às segundas-feiras temos a "segunda sem lei" que é para qualquer um escrever seu texto, que será publicado após nos ser enviado. Fique à vontade. As instruções estão no blog. E se você ler o nosso primeiro post, vai ver que não somos imparciais mesmo.

    Vicente Bezerra

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  7. humildemente, venho mais uma vez a este blog para tecer o seguinte comentário:

    desde que me conheço como gente que ouço dizer: o Brasil é um país de terceiro mundo, onde as profissoes nao sao valorizads, que os salarios sao baixos, que a divida externa é o problema, que a inflação so sobe, que não tem comida na mesa do brasileiro... Essa era a realidade. Eu disse e repito: era a realidade. o povo brasileiro aprendeu que está naquele cidadao pobre, vindo do interior de pernambuco a esperança. esperança de um dia acordar e ver comida na mesa. esperança de ver um país melhor, com condições sociais melhores, com expectativa de vida longa... Após 8 anos, aquele semi-analfabeto conseguiu simplesmente uma façanha: ser comparado a getúlio vargas. so tem uma diferença: este foi ditador. aquele é presidencialista democratico. deixo aqui o meu protesto de estima ao melhor presidente da história do Brasil. nunca esse país verá outro como ele, nunca este país foi às ruas dizer: te apoio e te dou mais de 70% de aceitação. Nunca este país viu tantos concursos, tantos empregos, tanta estatização. O que falo não é so palavras, são fatos. Petrobras, pré-sal, policia federal forte, concurso para os ministerios, criacao de mais e mais vagas de cargos publicos, melhoria no social, qtas e qtas pessoas nao saíram da miséria? e o salario minimo de qto era e de qto é hoje? aff... chega. chega de tanto ver que o Brasil melhorou e só cego não vê isso. por isso meus amigos, no 2 turno eu voto e apoio LULA de saia e repito a frase: "é LULA de novo, com a força do povo. Deixem a mulher trabalhar!!!!!"

    ATT

    Fagner Dantas

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