quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Give peace a chance!


GIVE PEACE A CHANCE! – por Vicente Bezerra

O “Deu na telha!” inova e trás uma entrevista inusitada. Vocês irão entender.

Epílogo: Nosso entrevistado já disse que seu grupo era mais conhecido que Jesus Cristo. Já esteve em todos os jornais na sua luta pela paz. Sofreu um atentado em 1980 que o deixou em coma por quase um ano e desde então vive recluso. Já foi ao ápice como músico, hoje aparece e lança algo muito esporadicamente. Pra ele, o sonho acabou faz tempo. Seu último disco foi lançado em 1997. Nos últimos dias completou redondos 70 anos. Estamos falando do ex-beatle John Lennon.

P – Lennon, porque tanto tempo recluso?

L – Hoje não sou mais John Lennon ou um ex-beatle, sou somente John ou Jonny. Optei por ficar fora da mídia para viver a minha própria vida, não de um personagem. Poder sair na rua e comprar pão. Não quis fazer como Elvis, forjar uma morte e viver trancado em algum lugar. Minha vida e minhas limitações de saúde após o atentado também são motivos. Não tenho mais 25 anos há muito tempo.

P – Incomoda te chamarem de ex-beatle?

L – Um pouco. Eu fui um dia. Mas estava deixando de ser John para ser um Beatle. Isso eu deixo para o Paul.

P – Como assim?

L – Ele prefere viver como ex-beatle, lucrar com isso, viver disso. Aliás, ele podia viver e bem sendo só o velho Paul e ir pescar com os netos. Nossos direitos autorais nos dão esse conforto. Mas ele prefere estar em ação e na mídia. Paul sempre gostou disso.

P – E você não?

L – Eu queria ter uma banda de rock e ser famoso. Depois que consegui, percebi que há muitas outras coisas mais importantes na vida e no mundo. Eu não conseguia fazer show enquanto gente morria no Vietnã, como agora no Afeganistão e em vários outros lugares.

P – Lennon, o sonho realmente acabou?

L – Sim! O tempo de balançar as cabeças e fingir alegria, sim. O sonho acabou porque todos nós, da nossa geração, acordamos. E temos que manter as próximas gerações acordadas também. Muita coisa está acontecendo e as pessoas precisam lutar pelo que querem e não esperar que Buda, Jesus ou Obama traga. Como eu já disse há muito tempo, pense globalmente e atue localmente. Power to the people, sempre!

P – A mensagem de Imagine ainda é atual?

L – Metaforicamente sim. Devemos nos libertar das amarras do mundo materialista e pensar no amanhã e no próximo. Mas eu diria que mais urgente é a mensagem de Give Peace a Chance. Alguém deve parar o maluco do Irã! Mas não entupindo aquela pobre gente de bombas.

P – O que você acha da música atual?

L – Água. Sem cheiro, sem cor e sem sabor. Mas precisamos de música para viver. Hoje em dia qualquer pessoa grava qualquer coisa. Mais vale o ritmo do que a mensagem. Hoje, eu e Bob Dylan provavelmente não seríamos conhecidos. Pouca gente quer ouvir o que precisa ser dito. Não somos musculosos, nem temos bunda grande. Mas, a Beyoncé é linda! Melhor ouvir a Lady Gaga do que ser surdo.

P – Você falou no Paul, e os outros? Que tem a dizer deles?

L – Paul sempre foi meu maior amigo/inimigo. Nos vemos pouco, mas ele ainda manda suas coisas pra eu opinar. Não sei por que faz isso, talvez pra ter aprovação, mas eu sempre critico (risos). Ringo sempre foi o bacana da turma e nos vemos em ocasiões especiais, tipo Natal. E George é o meu irmão mais novo, que já se foi. Foi triste, mas ele está em paz.

P – Encerrando a conversa, que recado daria hoje para seus fãs?

L – Tudo que já disse antes. Lutem pela paz, nem que seja a sua. O que precisava ser dito, já foi dito. Tem é que botar em prática. Mas tudo se resume em uma frase só: all we need is love. Pratiquem o amor ao vizinho, ao carteiro, ao motorista do ônibus, ao lixeiro. Cada um propagando isso, o mundo se torna um lugar melhor.

Prólogo: Lógico que foi viagem. Mas que seria bom seria. Boa música e mensagem fazem falta ao mundo atual.

Notas explicativas: A imagem é uma estátua que fica em Cuba. O texto é uma homenagem à Lennon, que teria completado 70 anos se vivo estivesse. Mas está. Em sua música e em sua mensagem. Basta ouvir novamente e praticar. Love is all we need.

Um comentário:

  1. Bela homenagem! John continua coerente e antenado, apesar dos 70 anos, com as coisas deste mundo. Em março/2011, espero que o blog consiga uma entrevista exclusiva com um de nossos maiores gênios, Raulzito!

    Wanderley

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